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Eu sei de mim, de mim sei eu. Ainda bem. Um blog solo de Álcio e Suas Vozes Na Cabeça.

Friday, February 04, 2005

POR UM MOMENTO DE SOBRIEDADE (POST LONGO)

Peço aos amigos que leiam este post com o botão de "humor" desligado, o assunto é sério e eu realmente chegarei a um ponto no final. Todos os grifos são meus.

Fonte: http://exclusivo.terra.com.br/interna/0,,OI466777-EI1118,00.html

Gente & TV
Sexta, 4 de fevereiro de 2005, 15h46

"Ela deu tapas, e eu também", diz Netinho

O cantor, apresentador de TV e empresário Netinho de Paula, 34 nos, disse por telefone, nesta sexta-feira, no programa Sônia e Você, da TV Record que bateu em sua mulher - a decoradora Sandra Mendes de Figueiredo Crunfli, 36. No entanto, Netinho afirmou à Sônia Abrão que os jornais exageram ao divulgar a notícia.
"Nós discutimos. Ela deu tapas, e eu também, mas nada de socos. O machucado maior, que a deixou com hematomas no rosto, foi uma batida que ela deu na porta", garantiu.

O cantor afirmou que não perseguiu a mulher. "Ela estava assustada e saiu correndo. Foi aí que bateu a porta em seus olhos, porque estava muito brava. Fui atrás porque não queria que ela saísse, queria resolver em casa".

Segundo o artista, Sandra teria telefonado para ele na tarde de ontem e também estaria assustada com a repercussão do caso. "Ela nunca pensou que uma briga de casal pudesse chegar a esse ponto. De repente, eu virei o pior homem do mundo".

Pouco tempo depois, Netinho distribuiu um comunicado para a imprensa. Leia a integra.

"Por ter plena consciência da responsabilidade social que assumi desde quando minha vida tornou-se publica, venho esclarecer e manifestar-me oficialmente sobre as noticias que foram veiculadas pela mídia envolvendo a mim e a minha família.

Realmente eu e minha companheira tivemos um desentendimento familiar. Uma discussão acalorada, ofensas e xingamentos que levou-me a perda de controle emocional. Ouve agressão recíproca, e isso em nada justifica o descontrole de ambos.

Mas gostaria de acrescentar que isso ocorreu pelo mais nobre dos sentimentos, e não suportar os fatos ocorridos dentro da minha própria casa na presença de meus filhos. É preciso deixar claro que como todo o ser humano, tenho emoções, sentimentos e estou suscetível a problemas pessoais e por isso, a erros.

Peço perdão a você Sandra, a meus filhos, aos meus fãs e todas as pessoas do meu convívio.

Todos nós estamos abalados com o ocorrido e principalmente chocados com o grande show armado em cima desse episódio tão lamentável.

Oportunamente a própria Sandra virá a publico no momento em que ela julgar adequado para esclarecer dos fatos. Fatos estes que muito pouco tem de verdade no que foi noticiado.

Reforço que como sempre em minha vida, irei cumprir e me responsabilizar pelos meus atos e o farei ciente da minha condição de pai, marido, cidadão e homem para continuar ratificando os valores que sempre defendi.

Espero com esta manifestação minimizar a frustração do meu publico, da sociedade e de todas as pessoas que sabem o quanto sempre fui um homem honrado.

A despeito de tudo isso, no feriado estaremos os todos reunidos em família para juntos enfrentarmos essa delicada situação e nos refazermos de todos esses episódios."


Violência contra a mulher não é novidade, não é nenhuma "moda" e tampouco é assunto de agora. Vivemos em uma sociedade de valores machistas muito fortes ainda, por mais que não sejamos mais como nossos pais e avós, ainda guardamos o ranço bem lá dentro (outros nem tanto).

O fato de uma figura "pública" como esse pagodeiro aí de cima ter agredido sua mulher não seria tão digno de vir cair aqui dentro desse blog, ou de qualquer discussão civilizada. Afinal, acontecimentos muito, MAS MUITO, piores que esse ocorrem a cada segundo aqui, ali e acolá. O que chama a atenção é, MAIS UMA VEZ, a conivência da mídia para com "ídolos da massa".

Vejamos:

Belo - Condenado por ligação com o tráfico de drogas e armas, recebeu um programa inteiro do tal de Gugu dizendo o quão maravilhoso ele é e o quanto ele ajuda meia dúzia de pé-rapados. Faustão, no domingo seguinte, recebeu a família do animal lá e ainda fez aqueles especiais com os amigos falando sobre a "pessoa linda e a injustiça que o coitadinho está passando"... todos choram ao final, regidos por uma música sentimentalóide em compasso perfeito. Hebe Camargo e outros menos cotados engrossaram a lista de "apoiadores" (cúmplices?).

Edmundo "Animal" - Passou com seu carro por cima de algumas pessoas e logo depois estava lá tomando cerveja com o "peixe" Romário. Teve alguma repercussão na semana seguinte. Hoje, ninguém mais se lembra e o "animal" continua solto.

Renato Gaúcho - Amigo de longa data e parceirão de um bicheiro que foi assassinado no ano passado. Saiu na Veja e teve ampla reportagem no Jornal Nacional. O fato de um bicheiro ter amigos não é o problema, afinal somos seres humanos antes de mais nada, porém, certas associações devem ser mantidas longe dos olhos de uma sociedade que se encontra em frangalhos devido à violência generalizada. O tal jogador ainda comentou da "perda estúpida de uma pessoa maravilhosa".

MARTHA STEWART - Apresentadora mezzo Ana Maria Braga lá dos EUA. A "McGyver" da dona-de-casa americana. Presa por ter mentido sobre uma venda de ações com informação privilegiada.

Qual é a diferença? O sistema legal? Não, pois o brasileiro talvez seja tão rigoroso quanto o americano, ao menos em tese. A moralidade? O que?! Falar dos EUA é falar sobre a hipocrisia do ser humano, com aquele puritanismo todo. Rabo preso? Isso tem em todo o lugar. A corrupção é um "mal etéreo".

Respondo: Em lugar nenhum do mundo, as pessoas assistirão um programa debatendo sobre a economia mundial e os reflexos nos países subdesenvolvidos com a Sheila Mello, Gretchen, Fábio Assunção e o Professor Pasquale. Somente aqui. em lugar outro do mundo um cara como o Caetano Veloso teria tanto espaço, para falar de tanta coisa, sem ter conhecimento praticamente de nada? Se ele é o nosso Bob Dylan (herói contestador da contracultura, hoje velho gagá), então eu quero meu dinheiro de volta. Ele foi exilado? Bem, procurem saber o por quê de sua saída. Ninguém o mandou ir embora, foi pro conta própria.´

A indústria da celebridade é a mais rentável atualmente, com reality shows no topo das cadeias gigantes de alimentação das emissoras, a popularidade vive seus dias de glória. Nem Andy Warhol imaginou que sua teoria cínica e crítica seria levada tão à sério assim.

E o tal Netinho? onde ele se insere nisso tudo?

Artista reconhecido, "cidadão-modelo", pai de família, cantor de talento (nas palavras de quem quer assim), nos braços do povo que aceita qualquer desculpa, desde que o "coitado não sofra, afinal ele é um homem de bom coração"...

COMO É QUE VOCÊ SABE DISSO?

Que FATO nos é apresentado? O cavalo bateu em sua mulher. Qual é a informação que chega ao público. "Meu Deus, Netinho, um homem bom, bateu em sua mulher, que, diga-se a verdade, revidou!". A esposa do cantor ainda não se pronunciou no assunto, mas, segundo o maridão, já sabemos o que ela dirá..., não é? SILOGISMO LÓGICO: Se você perder a cabeça, em um momento de tensão ou não, e descarregar toda sua raiva e frustração em cima de sua "amada", será compreensível, afinal, pobre de você que é um oprimido pela sociedade...

Vejam bem a gravidade do que nos cerca. As opiniões de assuntos realmente importantes estão nas mãos de pessoas sem preparo algum, enquanto aqueles que podem alertar, esclarecer, ficam relegados à simples chamadas nos jornais, revistas ou quinze segundos no Fantástico, entre os gols da rodada e a nova loira do tchan. Então, quem é que se importa? Talvez se a Sheila falasse...

Da mesma forma, a velha desculpa da cervejinha no final de semana, que solta o camarada que volta pra casa e bate na mulher e filhos sem razão alguma. Apenas porque "estava a fim", ou... sei lá... o jantar não estava pronto. "Ah sim, mas veja bem, é sexta-feira, imagina, tem que tomar a sua cervejinha... infelizmente a mulher estava no caminho, paciência".

A tolerância com esse tipo de atrocidade vai ganhando espaço. Inclusive com as novelas estúpidas da Globo que resolveram tratar o assunto. Hoje, todos se lembram da raquete e fazem piadas com o tema, enquanto nosso sistema legal continua não tratando o agressor como CRIMINOSO.

Digo mais, até pouco tempo atrás, juízes no país inteiro decidiam em casos de estupro em nome do estuprador, pois a “moça contribuía” para o acontecimento nefasto. Da mesma forma, a tentativa PATÉTICA de classificar o grau de dano do crime em leve, grave e gravíssimo. Afinal de contas, o estupro também pode ser um crime que afeta apenas "levemente" uma mulher, não é Srs. Doutores da Lei? (até ano passado eu atuava dentro do Direito, mas abandonei a carreira... são tantas desilusões... talvez um dia eu comente algo sobre o assunto por aqui).

Ainda temos muito a conscientizar sobre esse assunto em especial, já que mais da metade dos casos de violência contra a mulher não são reportados às autoridades, seja por medo de represálias de seus companheiros, seja pelo medo puro e simples de se expor, pelo trauma sofrido e até pela própria ignorância das agredidas em não saber que PODEM FAZER ALGO CONTRA, DENTRO DA LEI.

Não vou dizer o que uma pessoa deve ou não fazer. Conforme dito anteriormente, somos todos seres humanos antes de qualquer outro título, mas o que fazemos de nossa existência é responsabilidade nossa para com todos. Enganam-se aqueles que pensam que nossas decisões e atitudes, por menores que sejam, não influem em um pequeno, médio ou grande grupo de pessoas. O princípio e lei da AÇÃO E REAÇÃO é muito mais real do que você imagina. Preste atenção nos detalhes ao seu redor.

Concluindo o “assunto Netinho”, fica aqui o meu repúdio a mais um triste capítulo da história humana. Talvez um dia as pessoas finalmente se conscientizem de seu papel frente à sociedade e a seus semelhantes, e tomem para si a responsabilidade de fazer algo por alguém ou por uma causa nobre.

Para quem quiser fazer sua parte dentro dessa problemática da mulher, INSISTO em apresentar a THEMIS, organização pioneira na defesa dos direitos femininos aqui em Porto Alegre e, de certa forma, no Brasil. Elas desenvolvem um trabalho junto das comunidades mais carentes, informando e conscientizando sobre o papel da mulher na sociedade, família e seus direitos como cidadãs e como MULHERES.

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